
“Bela estreia na literatura! Narrado em primeira pessoa, o texto é todo subjetivo, internalizado – como uma esponja, que absorve a realidade exterior sugando-aprofundamente. A prosa (poética) é cubista – fragmentada, com partes aparentemente soltas e desconexas. No entanto, ao avançar na narrativa, percebe-se que os cacos vão se juntando, os fragmentos se revelam, na verdade, uma metáfora das separações, dos divórcios, dos rompimentos, dos desencontros e das mortes que estraçalham a vida da narradora. Neste sentido, a orelha reforça a metáfora, pois é, aparentemente, um órgão solto, que, em seu íntimo, está sempre em busca de juntar (pelo sábio ato de ouvir) os cacos do corpo, ou seja, da vida (desintegrada). O livro, já pelo título, é “metonimizado” na orelha. Por que será que o objeto livro Relato Inspirado por Orelhas não tem orelha? Foi proposital? Para mim, sugeriu...
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